sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Manifesto Anarta

Eu tinha um corpo como criança, tenho um corpo como adulto, e vou ter outro corpo como velho, mas eu ainda sou a mesma pessoa, ou seja, o mesmo Flávio. Eu não me chamava José, como criança, e nem vou me chamar Tadeu como velho, eu ainda vou ser o Flávio! E olha que esse nome "Flávio" só foi me dado após sair do ventre da minha mãe. Se eu tinha um corpo, tenho um agora e vou ter um outro no futuro, quem sou eu? Visto que só meu corpo mudou junto com minha inteligência e percepção de mundo, só o "diacho" da pessoa continua a mesma: O Flávio. Acredito que isso se aplica a todos. Ou você acha que era José na infância, é Maria na juventude e vai ser Jesus na velhisse? Se acha, vai ser louco assim lá na faixa de gaza ou em cotijuba nú na praia!

Tem algo muito estranho na minha educação, que me faz pensar: Ó, como eu sou foda! Sou o dono! Sou lindo! Sou o cara! E que se eu batalhar vou ser o dono do mundo! Deve ser uma pretensão muito ingênua minha ou uma arrogância disparatada e institucionalizada pelo nossa dita civilização(?), se nem um corpo em particular vou conseguir manter em minha posse!

Outro dia estudando uma filosofia oriental, li que a natureza reciproca com nossos desejos, ou seja, toda consequência grosseira vem de uma causa sutil. "Ah, quero um carro". Financio e adquiro um carro. "Ah, quero uma ilha". Financio e adquiro a ilha. "Ah, quero uma nação". Financio uma guerra e "consigo" a nação. Primeiro o desejo, depois a concretização. O fato é que entre o querer e realizar tem o trabalho, e suas consequências, sejam elas boas ou más. Dependendo da qualidade dos desejos, consequentemente do trabalho, as consequências serão também de qualidades diferentes. Por exemplo, financiar uma guerra, significa financiar a morte de um monte de inocentes. Isso falo dos peixe grande. E dos peixe pequenos? "Ah, tou afim de puxar um fumo e cheirar um pó, mas não tenho dinheiro, mas a vontade é tanta que vou roubar, não tou nem aí". Coitado do inocente que vai ser roubado por esse cretino, mesmo esse cretino sabendo que pode ser preso, ele vai lá e rouba. Olha o desejo numa qualidade inferior aí, para não se dizer bem ignorante. Mas tem o desejo que faz o cara financiar um carro e pagar o valor de três, só pra sentir "o cara" charlando num honda fit. Ah, e tem também o amargurado que tem um monte de desejos, mas não realizou e nem lutou pra realizar, e por isso é ofensivo com todos, vive reclamando da vida, faz dos outro seu saco de pancadas e vê nesses outros os defeitos que na verdade existe nele mesmo. Que tristeza.

É óbvio que tem os desejos de qualidades superiores que visam o bem maior: "Ah, eu quero fazer caridade pra ajudar os outros". "Quero ser como São Francisco, ou Madre Tereza". A responsabilidade é enorme, mas tem doido pra tudo né? Pelo menos é melhor ser um louco de amor do que um santo do pau oco, pois esse sim é f..., ele pensa: "Tenho muitos amigos, tenho muito dinheiro, vou ter muito mais no futuro, de acordo com os meus planos, vou fazer um pouco de caridade aqui e acolá, vou ganhar um prestígio e assim me regozijarei". Conselho de amigo, tome cuidado com esse, parece normal, mas ele é frio e calculista. No planalto está cheio desses.

Anarta: Uma palavra que vem de uma língua morta, ou seja, não é mais falada por povo nenhum, mas que foi tombada pela Unesco como patrimônio da humanidade, o Sanscrito, alias o Sanscrito é o único patrimônio tombado que é de carater intelectual. Como fala o mano da baixada, "o baguio é quente". Nessa língua que são vibrados os famosos mantras, e que tem os textos que definem as principais premissas das filosofias orientais. Esses textos Sanscritos são datados de mais de 5000 anos.
Na verdade na transliteração latina da palavra Anarta, ela é com "th", Anartha. Mas achei de mais fácil assimilação usar no projeto Anarta sem o "th", pedindo licença aos filósofos, literatos e antropólogos de plantão, claro.
O significado literal da Palavra Anarta é: "Coisas indesejáveis", maus hábitos, vícios, aquilo que impede o desenvolvimento progressivo do ser humano.
De acordo com esses antigos textos o ato de desejar é algo natural da mente humana, mas dependendo dos anarthas da pessoa, ou seja, seus maus hábitos, seus vícios, os desejos se pervertem. E do jeito que o mundo está parece que os Anarthas são vendido em feira livre, compre um leve três. Você pode observar isso, na tv, na sua rua, ou até mesmo dentre de sua casa: Violência, hipocresia, intolerância. Vixi o "baguio" é quente mesmo.

O ponto central do Manifesto Anarta é: Criticar todos sabem fazer bem, todos vivem reivindicando isso ou aquilo, criticando o governo, o vizinho, o pai, a mãe, o cão, o gato. Mas pare um pouco em pense sob essa ótica dos anarthas. Será que o problema estão nos outros? Será que, saindo de um âmbito individual até o coletivo, o maus hábitos, ou anarthas, não geram consequências extremamente destruidoras, tanto para seu corpo físico, quanto para o corpo social, quanto para o corpo ambiental (planeta terra)?
Não sou nenhum tipo de mahatma Gandhi, nem "um" Madre Tereza de Calcutá, mas observando essa minha patifaria interna que são meus anarthas instalados na minha mente e meus sentidos, eu alerto a todos a olharem pra dentro, ou num espelho mesmo, e meditar naquilo que impede o seu verdadeiro progresso como ser humano. Olhe por exemplo um fato aparentemente banal, mas que diz respeito a um mau hábito que muitos tem: A maior causa de desmatamento da Amazônia hoje é a criação de pastos para agro pecuária, tendo isso em vista, quando você come um singelo e saboroso bife acebolado da mamãe, aparentemente tão ingênuamente feito com amor pela sua mana, significa o dislaceramento de muitas vidas de gado, o desmatamento da maior floresta do mundo e como consequência o aquecimento global. Pense de uma forma macro e ampliada aí, imagine a soma de todos os hábitos de se comer bife no almoço de uma nação inteira. Ah, e tome cuidado com a mente adicta, ela pode achar vários disparatados motivos para continuar com o hábito, tipo, outro dia ouvir um mentecapto dizer, "se a gente não comer a vaca ela vem e come a gente". Como assim? o animal é vegetariano. Veja quem é o animal aí. Desculpe a expressão, mas po! Devemos ser dignos de sermos chamados de humanos. Além de comer, dormir, acasalar e se defender, precisamos indagar! Ou só porque comes arroz a la pia montese com filé, se acasá-las e dormes numa linda cama redonda, moras numa mansão com cerca elétrica, queres ser chamado de ser humano? Isso também serve para os pobres que comem feijão e arroz, moram num kitnet e vão no bregão! Usar sua capacidade superior e racional de indagar pra assim satisfazer apenas essas propensões inferiores que até os animais têm, me desculpe, mas vai ser assim burro lá em Cotijuba. (não sei o que eu tenho contra Cotijuba, mas soa legal, rsrs)

Eu não quero respeito nem seguidores por isso, pois sou o patife número um, ainda mais depois de conhecer de frente meus anarthas. Eu quero mesmo é servir pra alguma coisa útil nessa minha vida inútil, nem que eu sirva essa pessoa, que era criança, é aldulta e será velha, e quem sabe a mesma depois da morte, que é o "você" eu se preferir o seu "eu". Pois das poucas coisas relevantes que eu aprendi nessa minha vida, é que vale a pena lutar pelo que é não perene. Valorize essa pessoa que faz seu coração pulsar e faça a revolução do eu.

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